É sábado. No almoço de aniversário do amigo em comum, um homem observa uma mulher. O olhar que finge estar perdido na verdade está é bem achado. Há tempos ele a vê. Toda vez que se encontram dá um jeito de puxar conversa, sempre a mesma conversa. Há muito ela captou o olhar vindo dele. Finge buscar qualquer coisa e por querer passa raspando. Ao tocá-lo, sorrí. Tudo precisamente previsível. Hoje torce que seja diferente, quem sabe, e pensando nisso esquece até do quindim. Em volta da piscina formam-se pequenos grupos, garçons circulam com bandejas de cafezinho, crianças pedem toalha às mães, charutos acendem. Alheia ao zumbido humano ela termina seu café, engolindo expectativas ao lado da irmã, no banco do jardim. Quando menos espera o homem vem. Avança na direção dela, sua decisão tomada. Então ele pede licença e delicadamente rouba a xícara de suas mãos. Afasta-se em direção ao bule. Serve e toma seu café quieto, pousando lentamente a boca sobre a marca do batom na porcelana morna. (RL)
Discretamente
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sensual (muito!) e discreto; como deve ser uma paixão adulta. gostei muito!
Que inspirada fogosa é essa? Preocupei……..
Relaxa! bjs